Peugeot e Citroën: Baixas Vendas no Brasil
Desempenho abaixo do esperado
Em entrevista exclusiva ao g1, Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis na América do Sul, reconheceu o baixo desempenho das marcas Citroën e Peugeot no mercado brasileiro. Desde 2022, ambas deixaram de figurar entre as 10 marcas mais vendidas do país. Entre janeiro e maio de 2025, a Citroën ocupou a 12ª posição com 15.871 unidades vendidas, enquanto a Peugeot ficou na 14ª, com 9.166 veículos.
Para comparação, a BYD, especializada em carros elétricos e híbridos, vendeu 39.018 unidades no mesmo período, um volume 55,8% superior à soma das vendas de Peugeot e Citroën.
Razões para o baixo desempenho
Cappellano atribuiu o desempenho insatisfatório a “razões históricas” e à escassez de lançamentos recentes. Ele destacou a menor visibilidade das marcas e a inconsistência no lançamento de novos produtos. Apesar disso, ele acredita que a oferta crescente de veículos irá impulsionar o crescimento dessas marcas.
A estratégia da Stellantis inclui o lançamento recente de modelos como o Peugeot 208 e 2008, e o Citroën C4 Cactus. O objetivo é superar a imagem negativa das marcas francesas adquirida no passado, antes da fusão com a FCA e da criação da Stellantis.
Um fator relevante é o desconhecimento do público de que os veículos das marcas francesas compartilham a mesma mecânica dos modelos Fiat e Jeep. Cappellano acredita que essa conscientização é apenas “uma questão de tempo”.
O Mercado Automotivo Brasileiro
Aumento dos preços dos veículos
O sonho de ter um carro próprio está cada vez mais distante para muitos brasileiros. O preço do Fiat Mobi, por exemplo, aumentou 145% desde 2016, enquanto o salário mínimo teve um aumento de apenas 72%. Esse aumento exorbitante se deve à inflação, ao crescimento dos custos de produção e à incorporação de novas tecnologias.
Necessidade de sinergia entre indústria e governo
Para Cappellano, a indústria e o governo precisam melhorar a sinergia para que o “carro popular” realmente exista. A tecnologia mínima necessária para cumprir com a legislação e as metas de descarbonização impõe um aumento de custos. Ele defende um esforço conjunto para tornar os veículos mais acessíveis.
Investimento da Stellantis e previsibilidade no mercado
A Stellantis anunciou um investimento de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, com o lançamento de 40 novos modelos. Esse investimento, direcionado principalmente ao Brasil (93,75% do total investido na América do Sul), é impulsionado pela previsibilidade do setor automotivo brasileiro, com programas de descarbonização e metas de transição tecnológica já definidas, como o programa Mover.
Demanda por SUVs
O mercado de carros no Brasil passou por uma transição, com os SUVs se tornando os veículos mais desejados pelos consumidores. No entanto, Cappellano ressalta que a demanda por SUVs não é uma “tendência radical” e que a lucratividade está ligada à escala de produção, tecnologias empregadas e demanda, não necessariamente ao tipo de carroceria.
Fonte
Publicado originalmente em: 5 de junho de 2025 às 3:02 AM
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Análise e Impactos Financeiros
A notícia sobre o desempenho das marcas Citroën e Peugeot no Brasil, sob a égide da Stellantis, e o contexto mais amplo do mercado automotivo brasileiro, apresenta impactos relevantes nas finanças pessoais, no mercado financeiro e em tendências econômicas. A análise a seguir busca destrinchar esses impactos, oferecendo uma perspectiva equilibrada entre oportunidades e riscos.
Em relação às finanças pessoais, a principal implicação é o contínuo aumento do preço dos veículos. O exemplo citado do Fiat Mobi, com um aumento de 145% desde 2016 enquanto o salário mínimo cresceu apenas 72%, ilustra a redução drástica do poder de compra para a aquisição de um carro novo. Isso significa que o sonho da casa própria está cada vez mais distante para a maioria da população, impactando diretamente o planejamento financeiro pessoal e a busca por alternativas de mobilidade.
Para o mercado financeiro e investimentos, a situação apresenta uma mistura de oportunidades e riscos. O investimento massivo da Stellantis (R$ 30 bilhões) no Brasil, impulsionado pela previsibilidade política e pelo programa Mover, sugere um certo otimismo para o setor. Ações da Stellantis e de empresas ligadas à cadeia de produção de automóveis podem se beneficiar desse investimento, criando oportunidades para investidores de longo prazo. Entretanto, o sucesso desse investimento depende de diversos fatores, como a demanda do consumidor, a capacidade da Stellantis em se adaptar às mudanças no mercado e a conjuntura econômica global. Investidores devem analisar com cautela os riscos envolvidos, diversificando seus portfólios.
As tendências econômicas reveladas são preocupantes. O aumento dos custos de produção, em parte devido à incorporação de novas tecnologias exigidas por lei, impacta a inflação e reduz o poder aquisitivo da população. A necessidade de uma sinergia maior entre indústria e governo para conter os preços dos veículos demonstra a fragilidade da política industrial brasileira em se adaptar às novas tecnologias e à concorrência internacional. O sucesso do programa Mover será crucial para mitigar esses impactos, e sua eficácia deve ser acompanhada de perto. A transição para veículos elétricos e híbridos, embora necessária, representa um desafio tecnológico e financeiro significativo.