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Sem folgas, férias ou privacidade: como é a rotina de quem transmite a vida na internet (o tempo todo)


Sem folgas, férias ou privacidade: como é a rotina de quem transmite a vida na internet (o tempo todo)

O sonho de viver de games

Antes de se dedicar às transmissões ao vivo, Emilycc passou por diversos empregos, mas sempre quis trabalhar com entretenimento. Ao descobrir a Twitch, apaixonou-se instantaneamente e, percebendo a possibilidade de ganhar dinheiro com seu hobby, largou o emprego e se dedicou ao streaming há nove anos.

A ideia de transmitir por dias seguidos surgiu como uma tentativa de aumentar o engajamento em um “subathon”, e a live cresceu sem parar. Emilycc se tornou a primeira pessoa a atingir 100 dias em um subathon e decidiu transformar isso em um estilo de vida.

André Felipe, conhecido como MeiaUm, também começou por hobby, criando vídeos de games e editando por conta própria. Inicialmente, conciliava com freelas para ajudar nas contas de casa, e isso se tornou seu trabalho principal. Assim como Emily, ele não planejava ficar tanto tempo ao vivo, mas a live se estendeu com cada novo inscrito.

Nem tudo é jogo: a pressão de entreter sempre

Manter uma transmissão ativa 24 horas por dia e engajar o público pode ser exaustivo. Emilycc relata a pressão de sempre entreter, mesmo quando deseja descansar, sentindo que decepcionaria os seguidores ao não criar conteúdo.

A autenticidade é o que gera engajamento na Twitch, segundo Anadege Freitas, diretora na plataforma. Emilycc envolve o público em passeios e viagens, mantendo a conversa ativa no chat. No entanto, admite que o dia a dia nem sempre tem grandes acontecimentos e que os espectadores buscam entretenimento leve.

MeiaUm conta com a ajuda de moderadores quando não está disponível, mas mesmo assim precisa manter o público informado sobre sua localização e retorno. Ele relata preocupação constante mesmo quando dorme, com a estabilidade da internet e energia.

Trabalhar com transmissões “infinitas” pode levar ao burnout, alerta o psicólogo Marcos Torati. A ausência de um vínculo empregatício com a Twitch significa a ausência de direitos trabalhistas.

A Twitch afirma orientar os criadores sobre saúde mental e boas práticas, promovendo eventos e canais de diálogo para troca de experiências e otimização do tempo online.

Nunca offline — e mesmo assim, sozinho

MeiaUm, inicialmente, dormia em frente às câmeras, mas após dois meses, conversou com os seguidores e explicou a necessidade de ter momentos a sós. Apesar disso, ele considera a experiência única e positiva.

Para Emilycc, estar acompanhada o tempo todo no mundo virtual prejudicou sua vida social offline. O psicólogo Marcos Torati destaca que essa dinâmica pode ser problemática, com o “eu digital” sobrepondo-se ao “eu real”, levando a um possível esvaziamento existencial.

Emilycc já pensou em encerrar a transmissão, especialmente em momentos difíceis, mas não vê isso como uma saída, pois sente conforto e melhora ao estar ao vivo.

Fonte: g1 > Economia

Publicado originalmente em: 8 de junho de 2025 às 7:02 AM

Análise e Impactos Financeiros

A reportagem sobre streamers com lives “infinitas” revela um novo modelo de trabalho com implicações financeiras significativas. A aparente facilidade de ganhar dinheiro esconde uma realidade complexa e arriscada. Embora alguns streamers ganhem altos valores, a maioria não alcança esse nível de renda, exigindo grande dedicação e sacrifícios.

A remuneração é variável e depende do engajamento da audiência. A ausência de contrato formal significa ausência de direitos trabalhistas, expondo os streamers a riscos financeiros como períodos de baixa receita e ausência de proteção em casos de doença ou acidente. Este modelo é altamente competitivo, e a maioria não obtém sucesso financeiro.

Para o mercado financeiro, a ascensão de plataformas de streaming cria oportunidades de investimento em empresas de tecnologia, criação de conteúdo e marketing digital. Porém, a precariedade da situação trabalhista dos streamers representa um risco social, aumentando a desigualdade de renda e dependência de plataformas digitais.

A emergência de novos modelos de trabalho como o apresentado na reportagem indica uma transformação no mercado de trabalho, contribuindo para a informalidade e fragilidade do mercado. A longo prazo, o poder público precisa criar políticas públicas que promovam a inovação e a proteção dos trabalhadores em ambientes digitais.

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