Mais um ‘gás’ para o PIB: entenda como medidas do governo podem atrasar a desaceleração da economia
Medidas Governamentais e seus Impactos
Ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, criação do Consignado do Trabalhador, liberação dos recursos retidos do FGTS para quem optou pelo saque-aniversário e antecipação de pagamentos do INSS para aposentados e pensionistas. Essas são apenas algumas das medidas anunciadas pelo governo nos cinco primeiros meses do ano.
Segundo especialistas, elas podem impulsionar os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros trimestres do ano, adiando os efeitos dos juros elevados e “mascarando” a desaceleração econômica que deve vir à frente.
A estratégia é oposta aos esforços do Banco Central (BC) para conter uma inflação pressionada pelo câmbio desvalorizado e pela alta nos preços dos alimentos. De setembro a maio, foram seis aumentos consecutivos da taxa básica de juros, que levaram a Selic aos 14,75% ao ano, maior patamar em 20 anos.
O BC tem a missão de não deixar a inflação explodir e aumenta os juros justamente para reduzir o consumo, diminuindo a procura por bens e serviços. O crédito se torna mais caro e restrito, e as compras a prazo, menos acessíveis.
Mas os efeitos têm sido limitados. Os dados do PIB, divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que o consumo das famílias subiu 1% no primeiro trimestre deste ano e 2,6% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Trata-se de uma aceleração em relação ao quarto trimestre de 2024, quando o consumo das famílias havia recuado 1%, já com algum efeito do aumento dos juros. Mas o impulso vindo dos estímulos do governo voltou a “dar um gás” nos números.
“Vimos várias medidas anunciadas nos últimos meses que têm potencial de trazer um bom impulso para a economia neste ano”, diz a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Principais Medidas de Estímulo
- A ampliação do Minha Casa, Minha Vida;
- A liberação dos valores retidos do FGTS para quem optou pelo saque-aniversário;
- A antecipação do 13º do INSS para aposentados e pensionistas; e
- A criação do Consignado do Trabalhador.
Um estudo do Itaú Unibanco mostra que o Consignado CLT pode adicionar até 0,6 ponto percentual ao PIB entre 2025 e 2026.
A nova modalidade de crédito permite que todos os trabalhadores com carteira assinada contratem empréstimos, utilizando até 10% do saldo do FGTS como garantia, além de 100% da multa rescisória em caso de demissão sem justa causa (equivalente a 40% do saldo).
Impacto do Consignado do Trabalhador
Segundo Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco, essa mudança ampliou o número de pessoas com acesso ao crédito consignado privado e aumentou a concorrência no mercado.
“É razoável que isso gere uma queda de taxa de juros e um aumento do prazo médio desses empréstimos”, diz a economista, destacando que, com isso, a parcela mensal paga pelo trabalhador também tende a ficar menor no médio e longo prazo.
“Esse dinheiro que sobra no final do mês vai virar consumo, ou ir para um empréstimo novo, […] o que pode ter um impacto de mais 0,6 ponto percentual [na economia] em um intervalo de um ano”, completa Gottlieb.
Novas Iniciativas em Discussão
Nos próximos meses, os estímulos fiscais podem se intensificar. Entre as medidas em discussão ou já aprovadas estão:
- O vale-gás;
- A ampliação de isenção do Imposto de Renda para quem ganha R$ 5 mil;
- A ampliação da tarifa social de energia elétrica;
- Um possível crédito facilitado para entregadores de aplicativo;
- e até um eventual aumento no Bolsa Família.
“Muita coisa ainda não veio como anúncio oficial, mas essas especulações dão a entender que o governo ainda tem mais coisa na manga para anunciar. A percepção é que o governo não vai deixar o PIB desacelerar”, comenta Veronese.
Essa perspectiva já começa a se refletir nas estimativas do mercado financeiro. No último boletim Focus, os analistas passaram a prever uma desaceleração mais branda da economia neste ano.
Para 2025, as projeções de PIB passaram de 2,02% na semana passada para 2,14%; Para 2026, a projeção dos analistas para o PIB segue em 1,70%.
Fonte: g1 > Economia
Publicado originalmente em: maio 30, 2025 às 1:02 pm
Análise e Impactos Financeiros
O artigo destaca um cenário complexo na economia brasileira, onde medidas governamentais de estímulo fiscal contrapõem-se à política de juros altos do Banco Central para conter a inflação. Essa situação cria um ambiente de incerteza com impactos significativos nas finanças pessoais, no mercado financeiro e nas tendências econômicas.
Para o cidadão comum, as medidas governamentais trazem benefícios imediatos, injetando liquidez na economia e potencialmente aumentando o consumo. Porém, esse estímulo pode ser temporário e mascarar problemas subjacentes. O aumento do consumo pode pressionar ainda mais a inflação a longo prazo, corroendo o poder de compra. É aconselhável cautela: evite o endividamento excessivo e priorize gastos essenciais. Diversificar investimentos e manter uma reserva de emergência são práticas fundamentais.
Do ponto de vista do mercado financeiro, a contradição entre estímulo fiscal e política monetária restritiva cria volatilidade. Investidores devem acompanhar indicadores econômicos para ajustar suas carteiras. Ações de empresas sensíveis ao consumo podem apresentar desempenho positivo no curto prazo, mas a elevação da inflação pode prejudicar empresas com custos elevados. A longo prazo, a incerteza pode levar a maior volatilidade do mercado.
As tendências econômicas apontam para crescimento do PIB no curto prazo, mas esse crescimento pode ser insustentável se a inflação não for controlada. A longo prazo, a combinação de juros altos e gastos públicos elevados pode levar a um aumento da dívida pública e a uma desaceleração econômica mais pronunciada. O risco fiscal aumenta significativamente. É crucial monitorar a evolução da dívida pública e a capacidade do governo em implementar medidas de ajuste fiscal.
Em resumo, o cenário econômico atual apresenta oportunidades e riscos. As medidas governamentais oferecem benefícios de curto prazo, mas o aumento do consumo, sem controle da inflação, pode gerar instabilidade e comprometer o bem-estar financeiro a longo prazo. A cautela, o planejamento financeiro cuidadoso, a diversificação de investimentos e o acompanhamento atento dos indicadores econômicos são essenciais. Estar bem informado e buscar aconselhamento financeiro profissional são passos importantes.
Leia também: Por que o agro puxou o crescimento do PIB no início do ano
Resumo
Medidas governamentais impulsionam o PIB brasileiro no curto prazo, mas podem mascarar uma desaceleração futura. Estímulos fiscais contrapõem-se à política de juros altos do Banco Central, criando incerteza econômica. Cautela e planejamento financeiro são essenciais para navegar nesse ambiente.
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